Pataxós

HISTÓRIA

Grupo Macro-Jê nômade do sudeste brasileiro, conhecido pela resistência colonial e memória mantida.

(Texto Extraído da Série Memória Conquistense número 5 de Edinalva Padre Aguar como autora e organizadora da edição, com acréscimos desse sítio eletrônico).

"Pataxó é água da chuva batendo na terra, nas pedras, e indo embora para o rio e o mar.” Kanátyo Pataxó, Txopai e Itôhâ, 1997

O Pataxó é uma língua do tronco Macro-Jê e da família linguística Maxakali. Os Pataxó habitavam a região compreendida entres os rios Cachoeira e Pardo até a encosta do Planalto da Conquista. Eram semi nômades, andavam em pequenos grupos e foram uma das últimas tribos dominadas pelos europeus na tentativa de ocupar o território.Eram chamados pelos Ymboré de "nampuruck". Pintavam o corpo com traços geométricos negros e vermelhos, produzidos a partir de frutos, resinas de árvores ou óleos animais e vegetais. Acreditavam na volta dos mortos, entretanto, segundo a autora, esse retorno era privilégio apenas dos homens e só ocorria quando um amigo ou parente próximo assim o solicitasse no momento do ato sexual.

São poucos os relatos existentes sobre os Pataxós. Apesar disso, é possível conhecermos, em linhas gerais, seu modo de vida. O grupo linguistico dos Pataxó seria o Macro-Jê. Eram nômades, andavam em pequenos grupos e foi um dos últimos povos a dominadas pelos portugueses após constantes ataques e fugas para o interior das matas. Desses ataques, resultou uma drástica diminuição do seu contingente e sua desarticulação social.

Quanto à forma fisica dos Pataxós, recorremos ao príncipe Maximiliano que diz: “com esses selvagens nào têm nenhuma aparência extraordinária, nào sào nem pintados nem desfigurados: alguns são baixos, a maioria é de estatura meã, um tanto delgados, de caras largas e ossudas, e feições grosseiras." Ainda de acordo com Maximiliano, os Pataxós haviam se aliado aos Machacaris, contra os Ymborés e tratavam como escravos os prisioneiros, tentando até vendê-los. Ao que parece, os Pataxós demoraram a aceitar a presença do homem branco o em suas terras, pois eram segundo Maximiliano, "(...) os mais desconfiados e reservados, o olhar é sempre frio e carrancudo, sendo muito raro permitirem que os filhos se criem entre os brancos, como as outras tribos fazem prontamente"

MEIOS DE SOBREVIVÊNCIA

Os Pataxós viviam da caça e coleta. Não há registros sobre frutos e raízes preferidos, porém o ambiente pode nos dar algumas informações sobre essas preferências que deveriam ser: palmito, coco imburi, cará do mato, maracujá, sapoti etc. Tal qual os botocudos, também consumiam larvas existentes no interior das árvores. Eram ótimos caçadores, e o animal predileto para alimentação era o macaco. Para a caça, utilizavam arcos, flechas e armadilhas para os animais maiores. Quanto à pesca, não lhe davam muita importância. A responsabilidade de preparar a comida ficava a cargo das mulheres. A carne era desidratada, utilizando-se do sistema de moqueamento.

DIVISÃO DO TRABALHO

Não há referência quanto à divisão do trabalho entre os Pataxós, mas, seguindo o modelo indígena, inferimos que deveria basear-se no sexo.

UTENSÍLIOS, INDUMENTÁRIA E ARTEFATOS

Quanto aos tipos de moradias adotados pelos Pataxós, há uma divergência nos relatos. Para alguns cronistas, eles se organizavam em aldeias e cabanas: para outros, construíam apenas abrigos com galhos de árvores fincados ao chão e amarrados no centro; outros afirmam, ainda, que os Pataxós acampavam puramente embaixo das árvores e acendiam uma fogueira junto a cada grupo familiar. As diferentes versões podem ser explicadas pelo grau de contato em que se encontravam os grupos analisados. Tanto os homens quanto as mulheres andavam nus. Os homens escondiam apenas o prepúcio, amarrando-o com um segmento de cipó. O aumento do contato com os colonizadores foi introduzindo determinadas peças, que, para eles, não representavam propriamente roupas e sim uma forma de prestigio. Os cabelos eram soltos, cortados à altura do pescoço e da testa. Costumavam usá-los também raspados, deixando um pouco na parte anterior e posterior. Tal como os Ymborés, também tinham como hábito utilizarem adereços nos lábios inferiores e orelhas. Porém diferiam daqueles quanto à forma ao tamanho, pois introduziam pequenos talos de bambu. Pintavam o corpo com traços geométricos, nas cores negra e vermelha, cujas tintas eram produzidas com frutos, resinas de árvores ou óleos animais e vegetais. Quanto à utilização de colares e plumagens, não há qualquer referência. Há indícios de que usavam pequenos sacos feitos de embira pendurado são pelo pescoço, onde, depois do contato, as facas adquiridas também ficavam.

A quantidade de manufaturados e utensílios era pequena. Tem-se notícia apenas dos sacos de embira e os arcos e flechas. Possivelmente também não utilizavam a cerâmica.

Os arcos eram feitos de pau d'arco ou palmeira ayri e um dos maiores, media aproximadamente 2,55 m. As flechas, provavelmente, seguiam o mesmo modelo dos Ymborés, ou seja, uma de ponta côncava, que favorece o sangramento; outra dentada, que dilacera a parte atingida; e а última, tendo uma espécie de roseta na ponta, que atordoa pelo choque. Os Pataxós costumavam enfeitar suas flechas com penas de araras, mutum e outras aves. A haste era confeccionada com ubá ou taquaraçu.

ASPECTOS COTIDIANOS E ORGANIZAÇÃO SOCIAL

Infelizmente, não há referência quanto à organização social política e aos aspectos cotidianos dos Pataxós. Porém, por pertencerem ao tronco Jê, devem assemelhar-se, nesses aspectos, aos demais grupos.

CERIMÔNIAS, CICLO VITAL E CRENÇAS

Aparentemente não tinham qualquer tipo de ritual religioso. Para eles, os mortos se vingavam. Acreditavam, ainda, que as fatalidades eram uma ação dos espíritos que retornavam à Terra. Porém, esse retorno era privilégio somente dos homens e só poderia ocorrer quando solicitado dor um amigo ou parente no momento do ato sexual. Talvez, por temerem a morte ou o desconhecido, os Pataxós desejassem ardentemente a volta tanto que essa era uma das principais recomendações.

Hoje a maioria dos pataxós vivem nas aldeia localizadas no sul, extremo sul da Bahia e em Minas Gerais. . Na aldeias, a su cultura é ensinada em escolas do sistema de educação escolar indígena para atender as necessidade da educaçãodos povos residentes. Há professores de língua pataxó, com a tarefa de passar o legado para as crianças e jovens sobre o bem cultural que é a língua materna. Os jovens aprendem a língua indígena, música e dança, e, em comemorações na aldeia, eles sociabilizam a cultura entre si tornando assim possível a comunicação entre eles.

Referências:

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gray concrete wall inside building
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white and black abstract painting
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