Aldeia do Cachimbo

HISTÓRIA

A história do documentário que narra a luta e a alegria do povo Imboré na reconquista de seu território ancestral, a Aldeia do Cachimbo.

O documentário Aldeia do Cachimbo revela indígenas narrando a reconquista de seu território e partilhando a alegria de viverem, hoje, juntos em uma mesma aldeia. A produção foi realizada em um processo de cocriação entre diversos indígenas e três não indígenas que permaneceram por 15 dias na comunidade.

Com duração de quase 15 minutos, o filme foi produzido em janeiro de 2020, na Aldeia do Cachimbo, localizada no município de Ribeirão do Largo (BA), próxima à cidade de Itambé. A aldeia abriga majoritariamente indígenas da etnia Imboré, que retomaram o território em janeiro de 2017, após aproximadamente um século sob domínio de posseiros, período marcado pela invisibilização de sua presença. O documentário narra essa história de luta e retorno à terra ancestral.

Equipe realizadora

A equipe de produção contou com cerca de 20 indígenas, entre eles pessoas das etnias Imboré, Tupinambá e Pataxó, além de três artistas não indígenas convidados:

  • Sebastián Gerlic – Direção e câmera

  • Ângelo Rosário – Fotografia e câmera

  • Gabriel Moreira – Som direto e edição

A direção geral do projeto foi conduzida pela artista indígena Îã Gwarini Tupinambá, militante do movimento indígena e feminista, e pelo produtor Luis Gonzaga dos Santos. Îã Gwarini é reconhecida por sua atuação expressiva nas linguagens oral, escrita, fotográfica, audiovisual e digital.

Apoio e financiamento

O filme foi viabilizado por meio do Edital Setorial de Audiovisual 2019, com apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, da Secretaria da Fazenda, da Fundação Cultural do Estado da Bahia e da Secretaria de Cultura da Bahia.

Depoimentos e impacto

O cacique Capilé Imboré, além de um dos realizadores, é também um dos entrevistados. Em seu depoimento, ele enfatiza a importância da terra para o seu povo e a urgência de preservar o meio ambiente:

“Ficamos tristes por retomar a nossa terra desmatada e com os rios secando. Vamos levar um tempo para recuperar as matas e os rios, pois o homem está destruindo a si próprio quando destrói a terra. Temos que ter consciência e preservar a natureza, pois juntos formamos uma nação. A ganância do homem está destruindo o próprio homem. Precisamos da floresta para tirar o nosso sustento, remédio e artesanato. Por isso é preciso preservar para manter a nossa aldeia, que é a nossa vida. A união entre os povos é que faz a força para sarar a nossa terra, que está doente e precisa ser cuidada.”

A liderança Mangtxay Imboré, esposa do cacique e também realizadora do filme, afirma:

“O filme ajudou no resgate do nosso antepassado e da ancestralidade, compartilhando nossa cultura indígena com o mundo. O reconhecimento do nosso território também foi uma etapa importante para cultivar os nossos antepassados. Por meio da força da nossa espiritualidade, conversamos com a Mãe Terra e, hoje, convivemos com os ancestrais em nossa fé. Esse momento é muito importante para dar continuidade àquilo que os nossos antepassados resgataram como memória e para preservar a Mãe Terra ainda mais.”

O diretor convidado Sebastián Gerlic destaca:

“Aldeia do Cachimbo é protagonizado e realizado pelos Imboré. O meu desafio e o dos outros convidados não indígenas foi contribuir na construção de uma obra acessível a um público amplo — inclusive para pessoas que nunca visitaram uma comunidade indígena, leram um livro ou assistiram a um filme de protagonismo indígena. Para mim, os Imboré, com a realização deste filme, conquistaram mais uma vitória. Fizeram um filme que mostra a alma deles, suas dores e, principalmente, sua fé e otimismo. É um filme que traz à tona diferentes gerações e reaviva os relatos deixados por gerações anteriores. Valoriza a memória viva. É um convite amoroso aos brasileiros para refletirem sobre sua história e identidade.”

Tecnologia, cultura e formação política

Para Îã Gwarini, Capilé e Mangtxay Imboré, o projeto estimula a apropriação das tecnologias de comunicação pelos povos indígenas, fortalecendo os laços comunitários e ampliando a visibilidade das expressões culturais. Isso contribui para o combate ao preconceito e para o aumento da participação indígena na vida política do Estado, elevando a qualidade de vida de toda a comunidade.

Lançamento e ações digitais

O projeto inicial previa encontros presenciais para o lançamento do documentário. Contudo, com a pandemia da COVID-19, as ações foram adaptadas ao formato digital. O filme busca promover o diálogo entre jovens e adultos de instituições de ensino formais e informais, do Brasil e do exterior.

A campanha de lançamento propõe transcender o isolamento histórico e o isolamento social recente, mostrando que, com o auxílio das novas tecnologias, indígenas e não indígenas podem aprender juntos — e que dessa troca o Brasil e o mundo podem se beneficiar.

Onde assistir?

📍 YouTube: www.youtube.com/mensagensdaterra
📱
Instagram e Facebook:
@mensagensdaterra

Ficha Técnica – Documentário “Aldeia do Cachimbo”

Protagonistas e Realizadores Indígenas:

  • Aritama Imboré

  • Ararikã Imboré

  • Ayra Imboré

  • Capilé Imboré

  • Eleny Imboré

  • Hangoroy Imboré

  • Îã Gwarini Tupinambá

  • Mangtxay Imboré

  • Mano Martin Quebanda

  • Maya Pataxó Hãhãhãe Tupinambá

  • Pacato Payaya

  • Seu Té Imboré

  • Seu Santo Puri

  • Thymborana Kariri Sapuya

  • Txaha Imboré

  • Txaynara Imboré

  • Yara

  • Yaporã Imboré

Convidados Especiais:

  • Sebastián Gerlic – Direção e câmera

  • Ângelo Rosário – Fotografia e câmera

  • Gabriel Moreira – Som direto e edição

  • Luis Gonzaga dos Santos – Produção

  • Nelson Aguiar – Colorização e mixagem

  • Eduardo da Conceição – Motion Graphics

Apoio:

Cacique da Aldeia do Cachimbo, Capilé Imboré

Referências:

AGUIAR. Edinalva Padre. (org) Revista Memória Conquistense edição nº 5: “Ymboré, Pataxó, Kamakã: A presença indígena no Planalto da Conquista”, (2000) produzida pelo Museu Regional, a partir dos escritos de Edinalva Padre Aguiar, Antonieta Miguel e Ruy Hermann Medeiros.

ISA-INSTITUTO SÓCIO AMBIENTAL -

https://pib.socioambiental.org/pt/P%C3%A1gina_principal

NEWIED. Maximiliano Wied “Viagem ao Brasil” do Príncipe Maximiliano Wied Newied (1815-1817)

OLIVEIRA. Renata Ferreira de (2020), “Índios Paneleiros do Planalto da Conquista: do massacre e o (quase) extermínio aos dias atuais” (2020)

OLIVEIRA. Renata Ferreira de. Batalha: Memória e Identidade Indígena no Planalto da Conquista. Monografia de finalização de curso, UESB, Vitória da Conquista, 2009.

SPIX. Von MARTIUS. Von “Através da Bahia”: Terceira edição, 1938 Companhia Editora Nacional São Paulo - Rio - Recife - Porto Alegre

SOUSA. Maria Aparecida Silva de. “A Conquista do Sertão da Ressaca: povoamento e posse da terra no interior da Bahia”, (2001)

gray concrete wall inside building
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white and black abstract painting
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